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Cor

 

A cor sempre foi um elemento essencial e marcante no meu trabalho.

As Zonas de Silêncio, trabalhadas no Chile, não chegam a ser a exceção que

justifica a regra. A cor está ali também presente: mais escura, mais fechada,

quase sussurrada.

Não sei viver sem cor, minhas casas são sempre muito coloridas e muitas vezes surpreendem pelo inesperado.

As cores sempre apareceram nos vestidos em combinações ousadas e

em quase todos os trabalhos, com poucas exceções.

Valho-me da cor para criar geometrias e tensões, uma luta permanente

entre o equilíbrio e o desequilíbrio, como acontece também no nosso cotidiano. É como puxar e soltar a corda, e ir equilibrando o barco.

Série Bandeiras

 2021 | 2022

A serie Bandeiras surgiu ou se insurgiu durante

a pandemia.

De repente percebi que minhas camisetas verdes e amarelas, que sempre gostei de usar vivendo no exterior muitos anos, tinham ganhado outro significado, que em nada reforçava o orgulho de ser brasileira que sentia e continuo a sentir.

Aí começa essa série de resgates: resgates da nossa bandeira; resgate da nossa cultura; resgate da paz e do espirito de solidariedade do povo brasileiro. Esse projeto segue e, creio ainda tem muito suco para dar.

Recentemente algumas amigas escritoras começaram a escrever algo sobre essas bandeiras resgatadas espontaneamente. Gostei, e, sem pressa, pretendo fazer uma exposição com esses belos textos que começam a ilustrar meu trabalho. Ou vice-versa.

Tessa Pisconti escreveu um texto para o panneaux “No Limite Persisto”


Persisto.
Persisto, 
apesar das circunstâncias,
do ar que ameaça,
do medo,
das máscaras.

Persisto, 
apesar da cegueira,
da estupidez do poder,
da árvore cortada.

Persisto 
no compasso,
nas texturas,
nas cores, 
nos traços.

Persisto
na luz,
na sombra,
na superfície,
nos matizes,
nos movimentos
do universo plástico.

No limiar, persisto!

Celme Fernandes me presenteou como esse texto para a bandeira “Trans#viver”

 

Bandeira de formas precisas,

Ondulantes

Nos ventos fortes ancestrais

De trans-formação

 

Bandeira germinal,

surgida das fendas profundas

do magma original

trans-borda matéria em evolução

 

Bandeira de cores da

trans-greçao, libertária

açoita no vento

o medo, a negação.

 

Bandeira de vida 

no breu da noite se agita

e acena para o trans-viver

 

Bandeira resplandece 

Voa no trans-cender

Série Isolamento social

 2020

2020 mal começou e nos jogou na crise da pandemia do Corona Virus e o isolamento social. Exposições canceladas, shows suspensos, Museus fechados. O mundo para as artes se já era ruim, despencou. Cada artista no seu canto, cada um buscando novas formas de mostrar seu trabalho, buscando saídas criativas. Como tudo passa, passará... Veremos quais os caminhos e as mudanças que virão desse isolamento, duro, mas inevitável. A natureza agradeceu essa trégua. Que lições nos deixará essa crise mundial? Seguramente a expansão do trabalho online e quem sabe um mundo menos egoísta e mais humano.

Liberdade
Exposição individual 
Galeria Portas Vilaseca

Rio de janeiro | 2019

fotos: Marília Figueiredo e Rafael Salim

Curadoria de Raphael Fonseca

Apresentação

A  Galeria fica localizada numa charmosa vila na rua Dona Mariana 137.

Fazia um ano que eu e Afonso havíamos voltado definitivamente para o Brasil e estávamos ainda

no processo, nem sempre fácil de reinvenção, aprendendo a viver novamente no Rio de Janeiro que sempre amei e onde comecei minha carreira

de artista em 1964.

Sonhávamos com nossas caminhadas no calçadão de Copacabana em busca do sol e das boas energias que só nossa terra nos traz. Nada melhor do que tomar um café olhando o mar depois de 50 anos vivendo no exterior...

Foi nesse cenário que Jaime me encontrou e reforçou a decisão de começar novos trabalhos. Passei a produzir pensando na próxima exposição.

Quando preparo uma exposição as idéias surgem como um pacote, o tema vai se delineando e os quadros passam a conversar entre si.  Sem dúvida, o momento político em que vivemos, reaviva memórias antigas e isso foi determinante.

A urgência do tema acho que foi o grande estímulo para que as palavras brotassem como

um grito de alerta em momentos de tanto obscurantismo.

A geometria incorporou a palavra como se fossem sinais de transito que funcionam como alertas: cuidado, a “LIBERDADE “está ameaçada, a “CENSURA “ está mostrando os dentes, nossa cultura esta indo pelo “RALO”, “BASTA”, queremos a paz, “O SORRISO” está proibido e você pode estar sendo filmado, mas também lembro que é bom “ESCUTAR O SORRISO”  ou um “AHHH” que pode ser de desespero, mas também – AHH, QUE BOM, nada disso é verdade “a lua agora mora na casa em que se vive” (haikai de Pedro Escosteguy), ou buscando “Refúgios “no meio ao “CAOS” e  “SOLIDÃO” em que vivemos.

A exposição também ganhou muito com a curadoria de Raphael Fonseca.

Só agradecimentos.

Veja aqui o livro publicado em comemoração aos meus 55 anos de trabalho.

Clique no link para adquirir um exemplar ou ler o PDF do livro.

Série Rio de Janeiro

 2018 | 2019

fotos: Marília Figueiredo

A volta ao Brasil significa para mim a volta ao sol, ao calor humano , um pouso fixo e sobretudo estar novamente no ponto de partida, onde comecei minha carreira como artista nos anos 60. Anos inquietos da Nova Objetividade Brasileira e que,

sem dúvida, deixaram uma marca em toda minha trajetória. Hoje, anos igualmente complicados, 

uma viagem no tempo.

Os trabalhos atuais provavelmente são uma síntese  de todas as  geometrias que trabalhei, memórias, poesias e críticas, um caminho aberto para retomar idéias e conceitos com a liberdade necessária

à criatividade.

Série Paisagens Africanas

Toronto - 2011 | 2013

Em Toronto continuei a serie de paisagens africanas.

Mas também  diversifiquei muito meu trabalho. Falo mais sobre esse tema na página de videos.

Considero o trabalho mais importante nesse período o “Café com letras”, um evento desenhado para a comunidade brasileira, com a comunidade brasileira.

Também montei uma instalação, Self-portrait, trabalhei com cenário e figurinos, montei exposições, um trabalho de verdadeira "agitadora cultural”, experiências diferentes,  igualmente enriquecedoras.

Angola
2007 | 2010

Angola merece um capítulo à parte.

Pela primeira vez assumi o papel de Embaixatriz e acompanhei com entusiasmo Afonso

nessa difícil tarefa.

Se por um lado Angola foi pouco produtivo para meu trabalho, posso afirmar com segurança

que foi uma experiência extremamente gratificante.

Fiz inúmeros trabalhos sociais e pude transmitir também um pouco da minha experiência profissional através de vários workshops de papel maché. Essa sementinha ficou nas mãos

de Virginia Romão, que  passou a desenvolver esse trabalho com um grupo de deficientes físicos. Hoje eles vendem seus trabalhos em papel maché em uma feira de artesanato de Luanda,

em benefício do grupo. Lindo projeto!

Em Luanda, criei meu primeiro blog e tornei-me de vez uma  “agitadora cultural”.

Foram 2 anos e meio muito intensos.

A gente pode ir embora da África, mas leva – como levei – Angola e o continente, sua gente,

sua música, sua luta diária por uma vida melhor, no coração e na alma.

Até hoje me surpreendo aplicando padronagens, búzios e texturas africanas a trabalhos

que imaginei e realizei em paragens e com referências culturais bem diferentes.

A foto montagem da mulher africana, andando com a trouxa à cabeça e os filhos colados

ao corpo, pela paisagem de Toronto ilustra bem o que digo.

A capa que fiz para o livro de Luisa Coelho, sobre  mulher angolana faz reviver esse

capítulo à parte, com toda sua intensidade, sofrimento, alegria e beleza.

Série Segmentos

Montevideo | 1985

Morei duas vezes em Montevidéo com a diferença de 20 anos e dois momentos bem diferentes do ponto de vista pessoal, mas  igualmente produtivos e enriquecedores. Acrescentei às telas recortes que trouxeram de volta as construções com madeira.

Série Tensões

Washington | 1981

Em Washington me reinventei - trabalhando pela primeira vez no plano, em escala bidimensional. 

Dessa vez, a necessidade e as circunstâncias me levaram a trabalhar em telas, algo que nunca fizera. Também fiz uma serie de trabalhos com cartões vazados, recortados

e pintados. E uma série de dobraduras com papel colorido. Brinquei bastante com essas dobraduras, como se fossem plantas baixas.

Todo o trabalho no plano ressalta naturalmente as formas, a geometria se ancorava nas cores. Não se pinta uma reta, um quadrado. Mas um quadrado vermelho

e uma reta azul...

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