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Movimento

Sempre me perguntam quando comecei a pintar.

Na verdade sou fruto da minha própria vivência.

Filha de Pedro Escosteguy, médico, e também conhecido

artista plástico, e de Marilia Escosteguy.

Minha mãe tinha um curso de decoração, pioneiro em Porto Alegre.

Foi ali, com 14 anos que fiz meus primeiros cursos de arte. Botei

literalmente a mão na massa e começaram a nascer várias peças

de barro. Aprendi a brincar com cor no curso de decoração.

Ganhei o gosto pela geometria e o equilíbrio nos projetos arquitetônicos.

Mais adiante tive um longo relacionamento com um artista plástico

e começamos a trabalhar juntos.

Vestidos|Década de 1960

Fotografia: Marisa Alvares de Lima

Os tecidos me encantaram desde o início e não

parei mais de criar estamparias que,

rapidamente, se transformaram em peças

únicas para vestidos. Passei a cortar o

vestido e pintá-lo como um painel.

Peças únicas que ganhavam vida com a forma do corpo. Sempre me deu enorme prazer dividir minha obra com a pessoa que a usava, que lhe dava vida. Além disso, para mim era uma forma democrática

de tratar a obra de arte, atingindo um público

muito maior.

Publicações

1966 | 1967

Em 1967 fiz um grande desfile dentro da Nova Objetividade Brasileira, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Tive a curadoria de Marisa Alvares de Lima, com música de Smetack, bailarinas e coreografia de Renné Wells e o cenário foi a primeira montagem da Tropicália de Hélio Oiticica, artista que hoje faz parte da história das artes plásticas

do Brasil.

Foi nessa época também que fiz minhas primeiras anti-caixas, assim denominadas também por Hélio e que fez também um texto crítico sobre a obra. Dai prá frente

não parei mais, trabalhando simultaneamente com os vestidos e os objetos.

Meus desfiles sempre foram acompanhados de música

e dança. 

As cores vibrantes e as formas geométricas foram uma constante no meu trabalho, parte essencial de minha identidade de artista e brasileira.

1967 foi o ano da largada...

Saí em todas as revistas e jornais, e minhas roupas ganharam as ruas. Marisa Alvares de Lima, jornalista e fotógrafa do Tropicalismo, fez os primeiros ensaios  comigo.  Me afirmei, muito jovem, como designer de roupas.

Os modelos sempre foram muito simples: um mero suporte para a pintura e o colorido.

Vestidos|Década de 1970

Deixei Milão para começar nova etapa de vida em Budapeste. Com Afonso Cardoso aprendemos o que era caminhar lado a lado e construir uma vida a dois.

Foram 2 anos e 8 meses de descobertas e planos de novos caminhos a partir da Hungria.

Fizemos muita fotografia. Montamos um laboratório dentro do banheiro e revelávamos com entusiasmo nossas fotos.

Fotos lindas do tempo do filme em rolo, e do

branco e preto.

Começou ali o amor pela fotografia que tenho até hoje, ainda que continue me considerando uma amadora no ramo.

Nasceu nosso primeiro filho, Pedro. Foi mais um aprendizado para um retorno ao Brasil, com a tarefa de criar nosso primeiro menino e retomar minha carreira profissional em Brasília, um novo chão para mim. Seriam outros anos mais de extrema produtividade, com as roupas e os objetos.

Vestidos|Década de 1980
Washington

 

Vestidos|Década de 2000

Fotografia: Henrique Abal

Durante muito tempo o tecido usado foi o algodão cru. Bem mais tarde, diversifiquei um pouco e

passei a trabalhar  também com seda e

outros tecidos.

Caio Mourão e Marcio Mattar, grandes amigos e joalheiros, foram meus companheiros em vários desfiles.

Adereços
Paris / Milão 1966-1971

Mudei para Paris por 2 anos e depois Milão,

por 3 anos.

Foram tempos  de muito trabalho em que variei bastante a produção, para experimentar novos materiais e técnicas, e também em função da sobrevivência.

Continuei com os vestidos, mas os longos invernos me fizeram descobrir o couro. Fiz de um tudo: saias, bolsas, colares e pulseiras. Fornecia minhas peças para as melhores butiques de Milão e arredores.

E fiz também muito desenho de lenço para

as fábricas de lenço em Como.

Design de Interior 

Montevidéu – 1981 |1985

Dos vestidos, foi fácil chegar a arte aplicada

para a decoração.

Fiz de tudo, colchas, almofadas, jogos americanos, toalhas de mesa, trilhos ou panneuax pintados e com aplicações diversas.

Das oficinas de papel maché, também surgiram vários objetos para a decoração.

Os trabalhos que vemos aqui foram feitos para uma loja de decoração em Montevidéu. 

Fotografia: Henrique Abal

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